segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Paixão por Vinil



Quando criança, Washington Luiz de Oliveira e Silva morava em Barbacena e sempre que o tio Francisco ia à Belo Horizonte, o pedia como presente discos dos cantores que ouvia pelo rádio. Na época, ele mal sabia que um dia teria em sua casa uma coleção de discos, que pode deixar qualquer colecionador de queixo caído. Os 12 mil discos 78 rotações por minuto. “Antes do vinil existia o disco 78 rpm, um disco frágil, feito de cera, que tinha uma gravação de cada lado. O vinil veio depois, mais leve, resistente e com maior tempo de gravação”, explica.

Essas gravações são raridades, como é o caso do “Cordão Carnavalesco”, disco gravado por Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a se destacar como compositora na história da música popular brasileira. “Creio que essa é a primeira gravação de uma marcha carnavalesca”, declara mostrando a data de 1906 a 1912 que está datilografada no papel colado no centro do disco. Washington também possui exemplares dos primeiros discos importados de 1903, com apenas um lado gravado. Toda sua coleção é catalogada com o nome do cantor, da música, data de gravação, número da prateleira e do disco, tudo muito organizado.

Sua paixão é a música brasileira e o que o encanta é o fato da melodia se encaixar na poesia , ou vice versa. Ele também destaca as histórias que cada uma delas contam.”Hoje não vemos muito, mas antigamente cada música tinha uma história pra contar”, relata. Seus discos são escolhidos a dedo, “coleciono discos que me emocionam, não adianta ter uma serie completa do cantor sem gostar da música”.

Colecionar discos é uma arte para aqueles que sentem prazer em garimpar raridades musicais e

é isso que ele sempre faz. Desde que se mudou para Belo Horizonte, em 1950, Washington freqüenta sebos, mas é categórico em afirmar que “hoje é difícil achar bons discos, o vinil foi desvalorizado”. Entre as raridades de seu acervo, destaca-se a primeira gravação de “Jura”, trilha da novela “O Cravo e a Rosa”, gravada por Zeca Pagodinho. Além dos vários discos, ele gravou em fita cassete a maioria deles “para ouvir no carro”. Washington tem poucos CDs em sua casa, prefere os discos. Segundo ele, o cd tira a essência da música, “a faz ficar mais rápida que a original.”

Seu amor pela música não se limitou aos discos. Autodidata, Washington aprendeu a tocar instrumentos como acordeom e violão ao observar o tio tocar. “Aos seis anos consegui tocar uma sanfona de 48 baixos. Eu aprendo só de ouvir as músicas”, diz.